‍

Durante o período de Maio a Setembro de 2022, fiz parte da Turma 07 de Design UX/UI da Cubos Academy. Durante o curso foi possível estudar e aprofundar os processos de UX e UI e praticar em um projeto real, iniciando pelo research, seguido pelo protótipo de alta fidelidade e finalizando com o teste de usabilidade.

Trabalhamos com a metodologia de Design Thinking conhecida como Double Diamond e esse processo conta com 4 fases: descoberta, definição, concepção e entrega.

Recebemos a proposta de criar um projeto abordando o assunto: “Como trazer mais diversidade e inclusão para o mercado de tecnologia?”.

Desk Research

Por ser um tema amplo com muitas vertentes e informações, começamos a primeira etapa do projeto: a Desk Research, na qual levantamos dados importantes sobre o mercado, perfil dos profissionais, benefícios de trazer D&I, aplicações práticas, etc. Trazemos como destaque os seguintes fatos:

“Faltam talentos para as vagas de tecnologia.”
‍ACATE — Associação Catarinense de Tecnologia

“Empresas preocupadas com diversidade têm lucros maiores, entre 5% e 20%. A diversidade eleva o grau de inovação e de aperfeiçoamento de processos, produtos e serviços. Mais do que gerar melhores resultados, a diversidade e inclusão podem garantir aos colaboradores um ambiente organizacional mais saudável.”
‍OIT — Organização Internacional do Trabalho

“Apenas 20% das vagas de tecnologia e inovação são ocupadas por mulheres.”
‍IBGE

“O RH é a área que lidera mais de 56% dos projetos de Diversidade, Equidade e Inclusão já iniciados pelas organizações, onde 98% das pessoas reafirma a relevância do tema.”
‍Gupy — O que é ser um RH do futuro?

Com base na Desk Research identificamos a necessidade de fazer um recorte no tema e deixá-lo mais específico. Dessa forma, conseguimos mais riqueza e direcionamento nas informações que seriam coletadas posteriormente.

‍

Então, o nosso projeto passou a ser trabalhado em cima do tema:

‍

Matriz CSD

Após identificarmos o problema sobre a falta de mulheres no mercado de tecnologia, entramos no processo de criação da nossa Matriz CSD. Aqui listamos algumas das principais certezas, suposições e dúvidas sobre o tema:

‍

Com a Matriz CSD feita, ideamos no Mapa Relacional os objetivos, hipóteses e as técnicas que seriam utilizadas para orientar as próximas pesquisas. Agora é a hora de colher as informações essenciais sobre o possível público-alvo e definir a nossa persona.

‍

Pesquisa quantitativa

Circulamos um formulário feito pelo Google Forms para que tech recruiters pudessem responder, nossos objetivos com essa pesquisa eram os seguintes:

• Conhecer o perfil dos recrutadores e das empresas.
• Entender como a diversidade e inclusão de mulheres é abordada nas empresas.
• Como é o processo de recrutamento nas empresas.

‍

Conseguimos coletar 61 respostas e dos dados apurados foram observados as seguintes realidades:

• A maioria das pessoas que responderam foram do gênero feminino (85,2%) de 18 a 31 anos (72,1%).
• 77% das empresas utilizam sistema digital para recrutamento e seleção, sendo os mais utilizados LinkedIn Recruiter (52,9%) e Gupy (47,1%).
• A maioria das empresas têm entre 100 a 999 colaboradores (37,7%) e estão localizadas principalmente no Sudeste (55,7%) e Sul (29,5%) do país. Apenas 49,2% das empresas têm algum projeto voltado para diversidade e inclusão.
• Observa-se que empresas com poucas mulheres em cargos de tecnologia tendem a não ter programas voltados para a inclusão.

‍

Pesquisa quantitativa

Convidamos tech recruiters para um bate-papo, para entender melhor as seguintes questões:

• Como recrutadores e empresas do mercado da tecnologia tratam as questões de diversidade e inclusão de mulheres.
• Como funcionam os processos de recrutamento dentro das empresas.
• Desafios e formas para facilitar a contratação de mulheres.

‍

Nas entrevistas, captamos algumas percepções como:

Entendimento D&I:
“A diversidade é muito importante para a empresa.”
“A diversidade é importante para a formação da cultura da empresa.”
“Ainda está muito enraizado que o mundo da tecnologia é voltado mais para homens.”

Como é trabalhado D&I dentro da empresa:
“Temos palestras voltadas para D&I.”
“Estou buscando estratégias voltadas para o recrutamento de mulheres.”

O que descobrimos com essas pesquisas?

Além do resultado das pesquisas nos revelar algumas suposições e dúvidas, também fizemos novas descobertas:

• Os tech recruiters possuem dificuldade de encontrar talentos femininos para incluir no mercado de tecnologia.
• Os tech recruiters sentem falta de ter um ambiente onde possam divulgar vagas que alcancem mais mulheres.

‍

Mapa de empatia

Começamos construindo um mapa de empatia baseado nas dores e comportamentos dos usuários que identificamos nas entrevistas.

‍

Persona

Com base no mapa de empatia e nos padrões de comportamento, necessidades e dificuldades identificados nas entrevistas, enfim, criamos a nossa persona:

‍

Canvas de proposta de valor

Nessa etapa entendemos o que o nosso produto precisa ter para entregar valor real para os usuários, levando em conta sempre os seus interesses e necessidades. O Canvas de proposta de valor nos ajuda a responder perguntas como:

• O que é o produto? Quais funcionalidades ele contém? Como ele se diferencia dos competidores? Como queremos que as pessoas usem o produto? Qual sensação queremos causar? Qual problema queremos resolver?

‍

O Recruta Elas é Plataforma digital para gestão de vagas exclusivas para diversidade e inclusão de mulheres no mercado de tecnologia. Feito para Tech Recruiters que querem trazer mais D&I de mulheres para o mercado tech, acabando ou diminuindo as seguintes dores:

• Dificuldade de encontrar talentos femininos.
• Não ter um ambiente exclusivo para divulgar vagas para mulheres.
• Não ter um banco de talentos voltado para mulheres.

‍

Principais funcionalidades:

• Cadastro de vagas para mulheres.
• Filtros para a seleção de candidatas.
• Banco de candidatas.
• Agenda de entrevistas.
• Divulgação de vagas em redes sociais.
• Dashboard de acompanhamento.
• Fluxos customizados para os processos seletivos.
• Enviar mensagens e feedbacks para candidatas.

‍

Análise de concorrentes (benchmarking)

Começamos a fase de concepção do produto analisando em nossos principais concorrentes os seguintes pontos:

• Fluxos
• Funcionalidades
• Identidade visual

‍

Priorização

Utilizamos a Matriz MOSCOW como ferramenta para entender as prioridades do projeto e as features que vão entrar no MVP, focando no essencial e deixando a priorização mais clara e visual.

‍

Task flow e User flow

Para direcionar o desenvolvimento da nossa plataforma web, geramos alguns fluxos com o objetivo de guiar o trajeto dos usuários dentro da aplicação e nos auxiliar no desenvolvimento das telas.

‍

Iniciamos criando dois Task Flows que contemplam o Golden Path, que é o “caminho feliz” que o usuário percorre para realizar uma atividade. É a jornada que a grande maioria dos usuários vão percorrer ao utilizar o produto:

• Fazer cadastro na plataforma.
• Cadastrar e publicar uma vaga.

Em seguida partimos para a execução dos User Flows, que também tiveram algumas versões. O primeiro foi contemplando todos os caminhos possíveis para o usuário dentro da plataforma (está representado na imagem acima). O segundo foi somente para o Golden Path.

‍

Wireframes

Este é o momento de validar os fluxos feitos anteriormente, arquitetar a solução e possibilitar a execução de todos os recursos para tornar o produto viável aos usuários. Foram criadas 24 telas de baixa fidelidade.

Marca

‍

O Recruta Elas é a plataforma que vai ajudar mulheres a ingressarem na área de tecnologia, oferecendo recursos acessíveis e de fácil entendimento.

‍

Identidade Visual

• As chaves { } foram utilizadas para remeter as linguagens de códigos de programação e tecnologia.
• O coração entre as chaves reforça a ideia de inclusão e diversidade.
• O azul remete a tecnologia e o gradiente que trás o roxo e o rosa reforçam a ideia de diversidade.

Tom de voz

• Inclusivo
• Caloroso
• Empático

Planejamento baseado em ações de marketing inclusivo e linguagem neutra.

Style Guide

‍

Desenvolvemos um Guia de Estilo para manter a consistência e alinhamento na interface, que conta com:

• Marca gráfica
• Tipografia
• Cores
• Grids
• Sombras
• Principais componentes
• Iconografia

Protótipo navegável

‍

O nosso MVP foi pensado para a versão web/desktop levando em consideração que os recrutadores utilizam o computador na sua rotina de trabalho, mas reconhecemos a necessidade de se criar uma versão mobile nas próximas entregas. Com o tempo limitado para a entrega do projeto, dentro do nosso protótipo alguns caminhos ainda não são clicáveis e/ou não desenvolvemos as telas.

Foram criadas 35 telas que contemplam o Golden Path.

O Recruta elas propõe ao usuário (pessoa recrutadora) realizar um cadastro simples, logo em seguida do login já é redirecionado para a dashboard principal do sistema e de lá pode partir para a navegação: finalizar seu cadastro, cadastrar e publicar uma vaga.

‍

Clique para visualizar o protótipo navegável de alta fidelidade

‍

Nossa plataforma tem duas partes:

• Recrutadores: a parte que os recrutadores vão utilizar para publicar e divulgar vagas.
• Candidatas: a parte que as mulheres vão utilizar para se candidatar as vagas.

Como a pesquisa foi feita com foco nos tech recruiters, contemplamos apenas a primeira parte da plataforma no protótipo, que consiste na que os recrutadores vão utilizar para publicar e gerenciar vagas. No entanto, com o desenvolvimento do produto futuramente, temos como plano complementar a pesquisa, realizando entrevistas com mulheres que estão procurando por oportunidades de emprego, e assim desenvolver as telas para o acesso das candidatas.

Teste de usabilidade

O teste de usabilidade foi feito por meio da ferramenta Maze. Neste momento o usuário precisaria completar 3 tarefas:

• Criar conta
• Fazer login
• Criar e compartilhar uma vaga

‍

Foi um teste não moderado e tivemos a participação de 14 usuários, mas apenas 11 completaram todos os testes. Além das missões inseridas na ferramenta, inserimos uma escala de opinião no final para entender como o usuário estava se sentindo e como foi sua experiência com a plataforma:

‍

Aprendizados obtidos com o teste de usabilidade

Tarefa 1

‍A tarefa com o pior resultado foi a primeira “Fazer cadastro na plataforma”. Com os mapas de calor gerados pelo Maze, entendemos que a tela que causou esse resultado ruim foi a tela 3, e também foi nela que perdemos os 3 usuários que desistiram do teste:

‍

Descobrimos que o problema estava nos textos do radio button, no qual a pessoa usuária deveria selecionar uma entre as duas opções:

‍

Para resolver o problema, fizemos uma melhoria de UX writing, mudando os textos dos botões para trazer mais clareza e destaque:

‍

Tarefa 2

‍A segunda tarefa com o pior resultado foi a segunda “Fazer login na plataforma e concluir o cadastro”. Com os mapas de calor gerados pelo Maze, entendemos que a tela que causou esse resultado ruim foi a tela 6:

‍

Na parte de concluir o cadastro, era obrigatório adicionar uma foto, e isso confundiu os usuários, pois intuitivamente eles iam direto preencher informações mais importantes como nome da empresa, país e cidade, e pulavam a parte da foto. A média de tempo dos usuários nessa tela foi de 10.9s, um tempo alto demais em uma tela que deveria ser feito um clique rápido. Para resolver esse problema, retiramos a obrigatoriedade de adicionar uma foto.

‍

Tarefa 3
A terceira tarefa teve um ótimo resultado e nenhuma tela precisou ser corrigida, com uma nota total de 91.7% pelo Maze.

‍

No final, a Recruta Elas se tornou uma plataforma viável de ser desenvolvida, que cumpre com o seu objetivo de auxiliar mulheres que buscam ingressar na área de tecnologia, e também ajudar os recrutadores que buscam candidatas qualificadas para suas vagas.

Durante a construção do projeto ficou muito claro para mim a importância de explorar profundamente um problema. Muitas vezes ficamos presos a parte estética da interface, porém existem muitos passos anteriores necessários para garantir uma boa experiência para o usuário e também o sucesso da solução.

Projeto construído pelo grupo UXverso, composto por Ana Raupp, Natália Gonsalves, Rhayza Avelino, Sinara Farias e Viviane Ambrosio, sob a mentoria dos professores Gabriela Ozório e Wesley Simões.

‍

Muito obrigada!